Eu e o labirinto
Noite de lua cheia em Amesterdão

Há cerca de uns 20 anos atrás, numa noite amena e tranquila, sentado numa esplanada em Amesterdão com uns copos de cerveja na minha frente, presenciei atónito durante duas a três horas uma cena que, para mim nessa altura, me pareceu altamente insólita.
Por voltas das 10, nessa noite de lua cheia, um indivíduo traça a giz, no meio da praça, aquilo que me pareceram círculos concêntricos. Depois disso caminhou às voltas, de trás para a frente e de frente para trás, por cima do que tinha desenhado.
E não ficou por aqui. Durante as horas que se seguiram vinha chegando gente que fazia um percurso idêntico no círculo. Uns ficavam conversando um pouco e outros seguiam logo naturalmente o seu caminho. Bruxaria, ou qualquer coisa parecida, em plena Amesterdão?
O incompreensível para mim era também que tanto os “bruxos” e as “bruxas”, como os holandeses que estavam sentados no terraço ao meu lado, assim como os passantes, reagiam como se isto fosse o acontecimento mais natural do dia-a-dia. Coisas só dos Países Baixos, pensei.
Anos passaram e nunca mais pensei nisso.
A minha primeira experiência

Em 2011, num centro de formação e desenvolvimento pessoal nos arredores de Mafra, ao fazer um passeio semelhante num caminho desenhado no chão com pedras a que chamavam de “Labirinto”, percebi o que os holandeses faziam naquela noite do meu passado. O processo, como me orientaram naquela noite, também uma noite de lua cheia, é simples:
“Estabeleça um objetivo, faça uma pergunta, tenha uma intenção ou coloque um problema, e faça o trajeto no labirinto, com atenção plena no movimento, seguindo a sua intuição até chegar ao centro, que representa aqui o seu “centro” pessoal. Pare então e deixe que surjam naturalmente em si respostas na forma de imagens, sons, palavras, sensações no corpo. Não tente compreender grande coisa, deixe-se envolver naquilo que surgir. Depois, levando essa sensação consigo, faça todo o trajeto de volta”.

O despertar do meu interesse
Na altura, não causou grande impacto em mim. Soava-me muito a esoterismo e new age e luas cheias, o que se não dava lá muito bem com a minha necessidade pessoal de alguns fundamentos mais racionais. Esqueci naturalmente esses acontecimentos.
Só há uns tempos atrás me dei conta, ao pesquisar outros assuntos de meu interessa na internet, que o Labirinto de pista única é universal e de todos os tempos. Hoje é uma prática que encontramos em todo o mundo, tanto em jardins particulares e parques públicos, como escolas, prisões, hospitais e igrejas.
Há medida que estudava e experimentava o que era caminhar no labirinto que eu próprio construí no meu terreno livre, mais me apaixonava pelas inúmeras possibilidades que se abriam neste espaço que passei intimamente a considerar de “sagrado”.
Mais me espantei ainda quando me apercebi de que o Labirinto de pista única é praticamente desconhecido em Portugal. Os únicos labirintos conhecidos são os que possuem diversas pistas sem saída constituindo charadas e tendo como objetivo um passatempo.
Tal como quando me apaixono por qualquer coisa sinto uma necessidade grande de partilhar, assim vai ser com o Labirinto. Nos próximos tempos quem quiser experimentar, aprofundar e tornar-se facilitador ou utilizar o Labirinto nas suas sessões de coaching, é bem-vindo.
J. F.