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Guan Shi Yin

Guan Shih Yin Tzu Tsai é a soberana que se preocupa, ouve e vigia as lamentações, os gritos de sofrimento do mundo. É a interpretação chinesa do bodhisattva Avalokiteśvara. Bodhisttva é um ser sagrado, vivo ou não, que luta pela iluminação espiritual para se tornar um Buda, adorado no Budismo Mahayana.

Kuan Yin, Guan Yin, Kannon (no Japão) é considerada o pináculo da misericórdia, da compaixão, bondade e amor, padroeira dos pescadores atravessando o mar sentada ou de pé sobre uma flor de lótus ou sobre a cabeça de um dragão. Invocada em orações e mantras.

É adorada na religião tradicional chinesa, um misto de confucionismo, adoração e comunicação com antepassados, à mistura com budismo e taoismo. 360 milhões de seguidores segundo a Wikipédia. Por toda a parte podem ser seguidas cerimónias em templos e qualquer seguidor tem em casa um altar pessoal consagrado a Guan Yin. Encontramo-la por toda a Ásia.

Originalmente representada como um homem torna-se na China interpretada de forma totalmente feminina por volta do século XII, possivelmente influenciada pelo taoismo dualista homem-mulher que a considera como a “imortal”. De qualquer forma um Bodhisattva, de acordo com o Sutra de Lótus, tem o poder mágico de transformar o corpo em qualquer forma necessária para aliviar o sofrimento humano, de modo que, na verdade, Guan Yin não é nem mulher nem homem.

É representada na posse de mil braços e mil olhos na face e nos dedos e, às vezes, com um bebé nos braços, uma variante oriental da nossa Virgem Maria do ocidente. Regularmente vemo-la com um vaso na mão direita que contem a água pura, o néctar divino da vida, símbolo de compaixão e sabedoria, capaz de salvar as pessoa no mundo. Na sua mão esquerda leva às vezes um ramo de salgueiro para borrifar o néctar divino da vida sobre os devotos para abençoá-los com paz física e espiritual. No período moderno, Guan Yin é frequentemente representada como uma bela mulher vestida com uma túnica branca esvoaçante.

Há muitas versões sobre a sua origem. Miao Schan foi a terceira filha de um casal que desejava ter um filho como herdeiro. Excluída por sair mulher, procuraram para ela um casamento com um homem rico embora ela estivesse mais interessada em meditar e atingir a iluminação. Como recusou foi posta pelo pai aos cuidados de monges budistas com a orientação de que lhe fossem dadas as tarefas mais pesadas para que se arrependesse. Todavia Miao Shan segue o caminho de Buda e o pai ordena que ela fosse levada para a floresta e morta. Segundo uma lenda a espada que a ia executar partiu-se em mil pedaços. Outra lenda mais conhecida conta que no momento em que ia ser assassinada surge um tigre branco que a leva para o alto da montanha onde encontra paz e se pode dedicar à meditação.

Entretanto o pai adoece com doença misteriosa e um monge diz ser capaz de encontrar a cura se houvesse alguém que lhe desse um braço e um olho para, com esses ingredientes, criar uma poção medicinal. Quem iria doar tal coisa? Mas o monge também já tinha a solução. Conhecia alguém, que vivia no alto de uma montanha que estaria em estado de lhe oferecer um olho e um braço. E, na verdade, Miao Schan, não sabendo sequer que se tratava do seu pai, ofereceu até os seus dois olhos e os seus dois braços. Mais tarde o rei, curado, subiu à montanha para agradecer o benfeitor quando se deparou com a filha e, em choque, ajoelhou-se mergulhado em culpa e gratidão. Miao Shan respondeu que não tinha a mínima importância porque ao oferecer os seus dois braços e os seus dois olhos, ela adquiriu mil braços e mil olhos. E assim atingiu a iluminação e tornou-se Guan Yin.

Mereceu então tornar-se um Buda e estava assim pronta para deixar o mundo do sofrimento e entrar no nirvana, quando ouviu os clamores de dor, desconforto e sofrimento da humanidade, renunciou à bem-aventurança fazendo o voto de adiar a sua entrada no paraíso enquanto houver na terra um ente humano para libertar.

Guan Yin jurou então nunca descansar até que ela tivesse libertado todos os seres humanos da roda do samsara, da reencarnação. Um trabalho árduo que levou, segundo outra lenda, a sua cabeça a partir-se em onze pedaços e os seus dois braços a despedaçarem-se. Buda Amitabha, apercebendo-se da situação, deu-lhe onze cabeças para poder ouvir e compreender os gritos do sofrimento e mil braços para poder aceder aos necessitados do mundo.

Os mantras de adoração dedicados a Guan Yin são repetidos 108 vezes. Há diversos. O mais recitado é “Om Mani Padme Hum”, cada letra com um próprio significado e que pode significar no seu conjunto qualquer coisa como: “recebemos a joia da consciência no coração do lótus”. Outro exemplo de mantra é “Namo Guan Shi Yin Pusa”, traduzido como “busco refúgio em Guan Shi Yin Bodhisattva”.

Uma pergunta pertinente: Pedir ajuda a Guan Yin e ter resposta, será que funciona mesmo?

Visto como crença, a resposta óbvia é sim e não. Qualquer convicção é uma profecia auto realizável. Aquilo em que se acredita tem tendência a realizar-se e se não for realizada encontrar-se-á certamente uma razão que justifique a sua não realização para manter a crença. Fica então para a próxima.

No entanto parece-me inevitável a sua influência real. Guan Yin faz parte do “inconsciente coletivo” de chineses, japoneses, coreanos, tailandeses … e a partir do momento em que tomamos conhecimento com Guan Yin, ela passou a fazer parte de informação armazenada no nosso inconsciente na forma de uma metáfora representativa de energias como misericórdia, empatia, compaixão, etc. A partir desse momento Guan Yin somos nós, quer a gente queira quer não, consciente ou inconscientemente e jogará, juntamente com toda a informação que carregamos connosco, um papel na nossa vida tal como Jesús, a virgem Maria ou qualquer outro arquétipo, tudo totalmente independente das nossas crenças conscientes ou não.