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Life Coaching

Vamos introduzir aqui 2 tipos de coaching usando para isso uma distinção entre “auto desenvolvimento” e “auto realização”.  

O Coaching de Vida implica apoiar o coachee (cliente) a descobrir, criar e sustentar o processo que a partir do Estado Atual o vai conduzir ao que mais quer e deseja para a sua vida, o Estado Desejado. No fundo, este Estado Desejado abrange, direta ou indiretamente, todos os campos tanto pessoal, familiar como profissional.

O coaching tradicional apoia-se, em geral, naquilo a que podemos apelidar de “desenvolvimento pessoal”. Assenta em algumas premissas fundamentais que pretendem ajudar o coachee a encontrar maneiras de lidar consigo e a funcionar de forma mais ou menos harmoniosamente aceitável na sociedade. Algumas das premissas fundamentais para este desenvolvimento pessoal parecem-me ser estas:

  • As pessoas sofrem e é necessário acabar com o sofrimento;
  • É necessário centrarmo-nos nas soluções e a resolução está no futuro;
  • Há que criar um “eu” (ego, personalidade) mais forte e dotá-lo para isso das competências, crenças e recursos necessários;
  • Central está a formulação de objetivos e obtenção de resultados;
  • Para obter resultados é necessário desenvolver aspetos como motivação, atitude positiva, pensamento criativo, autoconhecimento do eu psicológico (ego), organizar os pensamentos, inteligência emocional e, sobretudo, crença na existência incondicional de livre arbítrio e mais uns tantos destes e doutros ingredientes…

Cada vez mais começa a surgir uma forma de coaching muito diferente. Como precisamos dar-lhe um nome para que nos possamos entender, chamar-lhe-íamos então “auto realização” para o distinguir do conceito “auto desenvolvimento”. O ponto de partida assenta em outro tipo de premissas tais como, por exemplo:

  • Qualquer processo destinado a fortalecer o “eu” e realização de objetivos abre possibilidades à frustração e infelicidade e pode provavelmente levar a afastarmo-nos cada vez mais do nosso “Eu” verdadeiro.
  • O coaching não assenta nem no passado nem no futuro, mas tem lugar no aqui e agora;
  • Não pretende aliviar o sofrimento mas sim compreender profundamente a estrutura universal do sofrimento;
  • Não pretende neutralizar pensamentos, crenças, situações e emoções consideradas negativas, mas sim observá-las como elas são, sem julgamentos;
  • Não é direcionado ao fortalecimento do “eu”, mas à compreensão do seu aparecimento e desenvolvimento e à descoberta do SER, da verdadeira natureza do ser humano e do mundo, o Eu verdadeiro;
  • Não se concentra em objetivos e resultados mas na tomada de consciência do Ser verdadeiro por detrás da fachada (personalidade) construída socialmente a partir dos 3 anos de idade com fins destinados à sobrevivência…

Alguns exemplos de coaching baseado nestas premissas são: Mindfulness Coaching, coaching com base em ACT (Acceptance and commitment therapy), MBCT (Mindfulness-based cognitive therapy), e Heartful therapy.

Não colocaríamos aqui estas duas formas de coaching em termos de: ou “desenvolvimento pessoal” ou “auto realização”. Na verdade, a maioria das vezes não é possível escolher para uma ou outra das formas de coaching aqui apontadas. O coachee encontra-se geralmente numa situação de fraca autoconsciência psicológica e fragilidade social, de tal forma que precisará necessariamente passar por um processo de desenvolvimento pessoal antes que se possa dar ao luxo de se distanciar de todas crenças a que se apegou e encetar um processo de auto consciencialização do seu SER verdadeiro através de um coaching baseado em auto realização (quer dizer, realizar afinal aquilo que, na verdade, sempre foi).

A premissa fundamental aqui presente (o axioma essencial por detrás das premissas formuladas nos dois tipos de coaching expostos) é, por um lado, a existência (ilusória) de um “ego” como construção para sobrevivência e, por outro lado, um Ser verdadeiro, essência, Self, manifestação divina, a nossa natureza pura, Eu verdadeiro, Consciência (ou outro nome que lhe queiram dar). Num determinado momento, no processo de auto realização, que se resume, no fim de contas, em tornar-se naquilo que sempre se foi, toda a distinção entre ego, essência/Ser verdadeiro e mundo (conhecido como Advaita, não-dualidade), acabam por perder qualquer significado.

J.F.