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Transe c/ T grande

Stephen Gilligan chegou ao Transe Generativo através de um processo de busca que incorpora não só a herança de Erickson mas princípios e técnicas do aikido, budismo e mindfulness. Central está a ideia de que o que Erickson fazia com os clientes para aceder ao inconsciente criativo pode ser feita pelo próprio cliente. O cliente pode localizar e aceder ele mesmo aos recursos e ativar a criatividade infinita do seu inconsciente.

Para se poder falar de um processo de Transe Generativo terão de ser experimentadas 6 dimensões. São denominadas “consciência COSMIC”. Estas dimensões são:

  • Centragem – provoca uma sensação de unidade entre espírito e corpo, uma integração das inteligências somática e cognitiva através de um ponto único central no ventre, no plexo solar ou no coração. É um descer ao interior, estado de consciência calmo e não reativo, condição indispensável para que o Transe Generativo possa ter lugar; 
  • Abertura – significa uma plena consciência alargada e não dualista sentindo-se fazer parte de um todo maior para além dos limites do ego. É um campo de consciência subtil não reativo e livre de conteúdo; é fazer parte e estar fora ao mesmo tempo – é estar presente nalguma coisa sem se tornar nela;
  • Subtileza – é um tipo de consciência subtil como ler um livro apaixonante, escutar ou tocar musica, passeio pela natureza, dança, relações profundas… estar em harmonia e ressonância límbica, ressonância que pode ser partilhada com pessoas, animais, árvores, flores…
  • Musicalidade – são esquemas não-verbais como rituais, canto, tambor, dança, que tocam profundamente o corpo; as palavras e os comportamentos estão conectados à respiração, ao ritmo e à ressonância, no silêncio e no som; sem musicalidade o que emerge é muitas vezes negativo;
  • Intencionalidade – refere-se à intenção positiva, objetivos positivos orientados para o futuro; as intenções são os motores e organizadores da consciência;
  • Criatividade – é relatada a esquemas de engajamento criativo baseados em 3 princípios:
      • O primeiro princípio é a aceitação criativa: estando centrado e curioso, acolher as novas possibilidades que emergem;
      • O segundo princípio é o princípio da complementaridade, a ligação e integração dos contrários;
      • O terceiro princípio é o princípio das infinitas possibilidades. Há um número virtualmente ilimitado de maneiras de compreender, viver e exprimir um esquema experiencial

Tal como no Coaching Generativo, o processo consiste num trabalho de mãos dadas entre as três inteligências: uma colaboração profunda e autêntica entre a inteligência cognitiva clássica, a inteligência somática e a inteligência de campo. Pretende-se um consciente encarnado, somaticamente relaxado e centrado, conectado ao campo relacional constituído por possibilidades infinitas (definido metaforicamente como um campo quântico), tendo todo este processo como base a realização de uma intenção positiva com o fim de criar novas realidades em si e no mundo.

Como poderemos facilmente concluir, o Transe Generativo ultrapassa de longe o gabinete do terapeuta. É um processo de desenvolvimento de formas superiores de consciência. É uma espécie de amigável conversa entre um consciente “encarnado” e o inconsciente, um conjunto de práticas diárias que consistem, tal como no Coaching Generativo em: centragem somática, uma intenção positiva e um estado de conexão ao campo das possibilidades infinitas do inconsciente.

José Figueira (2016)